Começam a aparecer os primeiros números da tragédia que acomete o Rio Grande do Sul. Um estudo de mapeamentos por satélite realizado pela Embrapa Territorial em parceria com o Governo do Estado (SPGG/RS), a UFRGS, CONAB e IBGE apontou mais de 500.000 hectares atingidos. Foram avaliados 341.184 imóveis rurais em 255 municípios atingidos pela mancha de inundação. “Dos mais de 300 mil imóveis, 21 mil foram impactados pelas enchentes, além de 1.559 estabelecimentos agropecuários”, relata Gustavo Spadotti, chefe geral da Embrapa Territorial.
CONTABILIZANDO AS PERDAS
O Rio Grande do Sul tem grande destaque no agronegócio brasileiro. É responsável pela por mais de 70% da produção nacional de arroz, 35% do trigo, 15% da soja e 5% do milho e uma expressiva produção de leite e carnes, como aves, suínos e bovinos. As águas levaram mais de 3,3 milhões de toneladas de grãos além de centenas de máquinas agrícolas que estavam nas lavouras e animais que foram perdidos nas enchentes.
PERDAS NAS LAVOURAS DE SOJA
O maior prejuízo deverá ser na soja, principal cultura do Estado. Da área total de 6,6 milhões de hectares cultivados, 70% já haviam sido colhidos. O que faltou colher foi bastante afetado com a chuva. Abertura das vagens, grãos germinando e proliferação de fungos são problemas que o produtor enfrenta e que poderão causar perdas de mais de 10% da produção. De acordo com a Gogo Inteligência em Agronegócio, isso representa um potencial de perda (pela cotação atual da saca de soja) próximo a R$13 bilhões.
ARROZ E MILHO
Para a Cogo Inteligência em Agronegócio, a quebra estimada nas lavouras de milho do estado são 7,8% da produção inicialmente esperada em 5,1 milhões de toneladas. Para o arroz, fica em torno de 5,3% da produção esperada, que, no início da safra era de 7,5 milhões de toneladas, a maior do Brasil. Além da queda na produção, problemas logísticos serão grandes desafios enfrentados daqui pra frente.
CRISE NO ARROZ
Descompasso entre o governo do Estado e Governo Federal em relação ao abastecimento de arroz no país. O estado afirma que a safra deste ano será suficiente para abastecer a demanda do país. Mesmo com os prejuízos dos temporais a produção deverá ser em torno de 7,1 milhões de toneladas. Por outro lado, o governo federal, zerou a tarifa de importação do cereal de países de fora do Mercosul, sem limite de volume, proporcionando que grandes quantidades de arroz entrem no Brasil e impactem o mercado. O agro, que já vem lidando com importações recordes de leite, agora vê a cadeia do arroz com chance de enfrentar os mesmos sérios problemas.
POMARES E VIDEIRAS AFETADOS
A produção de muitos pomares de frutos cítricos, pêssegos e maças estão comprometidos para a próxima estação. Em regiões como o Vale do Caí, os pomares estão completamente inundados e em muitos outros do estado, o excesso de umidade apodreceram os frutos e ainda as raízes de muitas árvores frutíferas. A região da serra gaúcha foi bastante afetada com a destruição de muitos parreirais, o que poderá comprometer a próxima safra da uva. E, assim como no caso pêssego, os efeitos dessas chuvas ainda serão colhidos.